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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Saliva no Festival de Curitiba 2012 - Balanço final

Tirado do blog "A cabeça é uma usina" de Otavio Linhares

Fotografia de Olívia D'Agnoluzzo
A dupla Alexandre França e Otavio Linhares funciona muito bem, obrigado. Depois de 90 dias de ensaios colocamos no palco o monólogo SALIVA e ao contrário de tudo o que imaginávamos, o público gostou, e a crítica fez vários apontamentos sobre o ator, a luz, o texto e a direção. Mesmo sabendo que a linguagem da peça não corroborava com as expectativas normais do público (não todo o público, mas a cultura do arrebatamento que paira sobre a sociedade) recebemos excelentes retornos do nosso trabalho.
Obrigado a todos, sem exceções.
Abaixo um trecho da matéria que saiu n’O GLOBO, do Rio de Janeiro, e na GAZETA DO POVO, aqui de Curitiba.

Fotografia de Olívia D'Agnoluzzo
O GLOBO, domingo, 08/04/2012
Festival de Curitiba termina hoje sob reclamações e críticas locais
(…)
É em relação a essa última linha que uma crítica se estabelece. Um dos polos mais inventivos da cena nacional, Curitiba viu sua nova safra autoral fora da mostra principal pelo quinto ano seguido. Coube à mostra Novos Repertórios reunir novas criações locais, como “Saliva”, de Alexandre França, e “Darwin”, dirigida por Fábio Salvatti.
— A nova dramaturgia da cidade é mais reconhecida fora de Curitiba. Por que não celebrar essa geração? — questiona França. — A mostra oficial, que é a mais assistida, não traz os nomes que estão trabalhando por um teatro de ponta. Não há preocupação em acompanhar os novos caminhos que os artistas locais traçam. Há, sim, preocupação financeira, voltada para o turismo. É um festival mais feito por especialistas em marketing do que por amantes do teatro.
(…)
a matéria completa você encontra no link abaixo:
http://oglobo.globo.com/cultura/festival-de-curitiba-termina-hoje-sob-reclamacoes-criticas-locais-4520229


Fotografia de Olívia D'Agnoluzzo
GAZETA DO POVO, domingo, 08/04/2012, Helena Carnieri
Festival consagra Cia. Brasileira
(…)
Entre as avaliações, sobrou espaço para mais curitibanos, como destaca José Cetra, colaborador do site Dramaturgia Contemporânea. Em Saliva, com direção de Alexandre França, ele diz ter visto a “melhor interpretação” do festival na atuação de Otavio Linhares.
(…)
a matéria completa você encontra no link abaixo:
http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/festivaldecuritiba/conteudo.phtml?tl=1&id=1242022&tit=Festival-consagra-Cia-Brasileira

Trecho da peça Saliva



Eu
Eu-agora
Eu-segundo
Eu-partícula
Ventania

Mulher-casa-filho

Ventania

Soma-soma-soma

Ventania

Um raio-agora
Eu-sozinho-agora

Partícula que entra pelo nariz-partícula e subtrai a célula do segundo-ontem

Você-minuto-raio-corte-cataclisma
Um soco-azul no céu frouxo das lamentações
Um eu-caído-nada-tudo

Tempestuosidade

Família-agora
Família-ontem
Partícula-nômade

As construções inabaláveis de uma rotina

Rotina-partícula
Que derruba insetos
Que derruba a fauna
Que derruba árvores
Que move planetas-partículas
No infinito grão do velho-cosmos-novo

Entender-desentender
No entrar do coisa-alguma
Dentro do casulo semovente
Da vida-incerto-inseto
No seio-seio da origem inexistente

Olhar-piscar
o movimento lento do nascimento
Partícula-vagina
Mastigando-vomitando
O ser que fala-cala pra platéia que escuta-esquece a boca-oca de tudo aquilo que não quer real

Partícula-realmente
No cérebro-mouco
Dos ouvintes dos ouvires dos oblivions-lumes
A lava
No estrangeiro gole
De saliva

Rasgo-pai rasgo-mãe
Na casa-revista-infância
Brinquedos e cores
Lápis-lasuli-sangue
Ferimento agulha e raiva

No instante-partícula
Aprendo a esquecer
No rapto-rato de memória
Da estalagem-sombra da raspagem-manha da contagem-estranha
De ponto-partículas

A conivência-convivência
Perpendicular aos momentâneos

Não há infância
Só a ância e a hiancia dos buracos sulcos marcas esquecidas desaparecidas apagadas
Com a mão branca
Do acaso

Ela
Ela-agora
Ela-segundo
Ela-partícula
Ela-elas
A deslizar pelas células enrugadas
do passado-sonho
do desejo meu

Se por ventura eu existar
No encontro impossível
Da partícula-livre com
A partícula-controle

Se me afogar na saliva-agora
do movimento estranho
Do impossível?

Onde posso parar?

Como a água que suga
O percurso reto
Da corrente-alguma
Ando tortuosamente


Sou o próximo estranho de mim