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terça-feira, 24 de junho de 2008

Habitués vence o primeiro concurso de dramaturgia do teatro lala schneider


mais informações é só clicar no link abaixo.
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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Claudete Pereira Jorge na leitura da peça "final do mês"


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Reportagem sobre "final do mês" no Jornal do Estado

Ainda no underground, graças à Deus

Em Final do Mês, a veterana atriz paranaense Claudete Pereira Jorge contracena pela primeira vez com a filha, Helena Portela

por Adriane Perin

Jonas Oliveira
Helena Portela, atriz; Alexandre França, autor e diretor e Claudete Pereira Jorge: o trio está em cartaz
Helena Portela, atriz; Alexandre França, autor e diretor e Claudete Pereira Jorge: o trio está em cartaz

Ela resistiu muito, mas não teve jeito. Claudete Pereira Jorge, uma das grandes atrizes paranaenses, com 35 anos de carreira, teve que dar o braço a torcer: sua filha, Helena Portela, leva mesmo jeito para estar no palco. É em uma sala de convenções do Hotel Del Rey que Claudete contracena com ela no espetáculo Final do Mês, escrito por Alexandre França, que também assina a direção, especialmente para a dupla, a pedido.

Claudete conta que sempre tentou impedir Helena, que tem 28 anos e algumas peças no currículo, de seguir seus passos. “Porque é difícil, não temos respaldo. Viver de teatro é ato de bravura, me sinto meio dom quixote, lutando sempre contra tudo - e lógico que não quero isso para ela. Mas, ela é muito boa, então vai fazer comigo e eu não vou facilitar pra ela. Ou faz muito bem feito, ou não faz”, garante a mãe-coruja. Helena tocou a vida dela, levando a mãe na manha. “Não brigávamos porque temos um relacionamento sui generis”, conta Claudete que um dia ouviu do próprio França que ela estava fazendo escada para Helena. “Uma boa escada, não resta dúvida, mas ela tá te engolindo”.

Essa é a montagem na qual ela cedeu aos esforços da filha. A idéia era criar algo facilmente adaptável até num corrredor ou sala de universidade. E assim foi feito, com duas cadeiras e um praticável de cenário. “O texto é encantador e esse menino é genial, escreve escandalosamente bem”, diz ela, que emenda mais elogios à nova geração. “Em especial ele e o Luis Felipe Leprevost. Escrever pra teatro exige uma, sei lá, uma arquitetura diferente. No França gosto dessa coisa atual e tão rica para um menino jovem demais”, comenta ela, que tem também projeto com Leprevost. “Nele, o que me atrai é uma coisa corajosa, que noto, arrojada. Esses dois acreditam no trabalho que fazem, não têm a timidez de colocar um ‘será’ na frente”.

Em sua trajetória, Claudete passou pela resistência da família e amigos que não entendiam como ela poderia seguir um caminho que era sinônimo de vagabundagem. “E essa visão ainda persiste, não se vê como trabalho. As pessoas dizem: Ah, você faz teatro, mas e trabalha com quê? Puxa, essa semana mesmo, filmei sábado a tarde, fui dormir de madrugada estudando texto e acordei às 5 da manhã pra filmar...”, relata.

Claudete não gosta de fazer televisão e diz que não sabe fazer. “Gosto de teatro e cinema. Um dia bato na porta do Almodóvar e se ele não me atender faço um escândalo”, solta, divertindo-se. Desde que veio de Ponta Grossa, aos 15 anos, já fez umas 60 peças, calcula. “Me tocaram de lá muito cedo. Minha casa é aqui”, diz ela, que decidiu pela carreira quando viu sua primeira peça. “Que bacana, pensei. Até então, eu queria cada dia uma coisa”. Se considera curitibana e escolheu não sair daqui. “Adoro São Paulo e Rio, mas volto logo correndo. Vou citar Leminski: ‘pinheiro não se replanta’”, diz a atriz, que acaba de voltar de uma temporada sob direção de Cacá Rosset, em Marido Vai à Caça.

Mas até ela precisa dar uma descansada do incessante decorar de textos. E decidiu mudar um pouco de arte. “To fazendo um colares. Fiz uns de ervas que são um escândalo. E não consigo mais largar. Se não gosto desmancho e faço de novo. O exercício de fazer de novo, tentar entender, isso é imprescindível pra que se faça um trabalho bem feito. E é o que faço no teatro”, ensina ela que, como disse Edson Bueno depois de assistir seu espetáculo anterior, “enquanto os atores de sua geração fazem comédia de costumes, segue no underground”. “Graças a deus”, responde ela.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Fotos da peça "final do mês" - por Gilson Camargo





Texto do Luiz Felipe Leprevost sobre a peça "final do mês"

Cenas domésticas que somos incapazes de domesticar.
Vicissitudes, parece-me uma palavra adequada para a ocasião.
O que dá pra pensar é se a nossa atuação - dos fazedores de teatro - está vinculada ao teatro municipal, ou se é do teatro municipal, ou se o município ser este aqui é infame destino.
Claro que alguém pode chegar pra você e dizer: - Eu já trabalhei de graça naquele teu projeto.
Claro que você pode chegar assim manso no ouvido dessa pessoa e dizer: - E eu já paguei o teu salário quantas vezes?
Ambos também podem se xingar simultaneamente: - Você é um babaca.
- Não, você é que é um babaca.
A questão é que nunca é de graça, a paga não é dinheiro, isto é uma coisa, a outra é que sem dinheiro tambor não vai, são as complexidades e contradições do ofício.
A peça Final do Mês é sobre isso, mas esta não é a sinopse, quem quiser a sinopse que vá assistir a próxima montagem em agosto no Teatro Municipal, na menor sala dele.
Sim, é texto perfeito o do França, a interpretação sem igual de Claudete e Helena.
Mas a peça é sobre outra coisa além da peça, é sobre um processo nascido da convivência, ninguém ali foi contratado, comprado, ninguém ali inventou um projeto, ninguém ali enganou ninguém fazendo bem feitinha a burocracia, apenas tiveram o desejo de fazer teatro, o França ficou indo lá no Clube Claudete durante meses, bebendo vodca com ela, é o que a gente diz: Quer dirigir a Claudete? Tem que beber vodca com ela. Isso é o mesmo que dizer: - Quer fazer teatro? Tem que se comprometer com uns Exus.
Tá provado, não precisa de frescurada pra fazer teatro, a trupe França, Claudete, Helena e Reka (a iluminadora) pegaram uma sala qualquer no centro da cidade, num hotel antigo e promoveram um belo encontro semanal de pessoas que iam lá ouvir a contundência, não de uma ideologia, pois teatro não é sobre ideologias, mas a de uma estória, já que teatro é sobre estórias.
Hein Claudete?!, pareceu-me sempre que estômagos falam mais alto e reto que pepinos, embora tagarelem e muito a pepinada toda.
Devo avisar: eu sou um dissidente paralisado, assim como a personagem da filha, quem só enxergou uma garotinha mimada e fútil na personagem da filha, então não enxergou nada, não enxergou a sua falta de escolha diante da máquina moedora de esforço humano que está aí fora, contra a qual a garota se insurge sobremaneira, ou você acha que é uma mera piadinha o momento em que ela retorna dizendo ter assaltado um banco? Caralho! Ela assaltou um banco e foi aplaudida, e não poderia ser diferente, ou você está do lado dos banqueiros? Eu não.
Veja o que acabo de ler num ensaio do crítico teatral Kenneth Tynan sobre o trabalho de Bertolt Brecht: Ele “buscava um método pelo qual os processos econômicos pudessem ser efetivamente dramatizados; ele esperava que dinheiro e comida substituíssem um dia o poder e o sexo como temas principais do teatro. Na maioria dos escritores burgueses, disse ele, ‘o fato de o ato de ganhar dinheiro jamais ser objeto de suas obras faz com que suspeitemos que [...] esse seja na verdade o objetivo deles.” Há, evidentemente, certo fatalismo na criação de França, porém não se pode desconsiderar que a conjuntura social e política contemporânea, aliada a observação e reflexão, trouxeram Brecht até nós graças a sensibilidade desse dramaturgo e suas parceiras Claudete e Helena.
Parecia que pra alguns aquelas palavras entravam por um ouvido e saíam pelo outro.
Se é um grande negócio a peça Final do Mês? É.
A sua competência pra ser popular, qualidade rara no dias de tantos gênios contemporâneos, seus diálogos ligeiros, dando saltos velozes do naturalismo para o nonsense.
Não admito que alguém que esteja na frente de um mestre não o reconheça. Então alguém dirá: - Mas um mestre não precisa ser reconhecido. Claro que não, direi eu.
A peça Final do Mês afinal de contas é sobre uma ponte sobre a água, ou um apartamento na palma da mão, ou um navio de carga trazendo maços de cigarros.
O teatro de Alexandre França tem aquela ousadia dos grandes caras do teatro, faz a gente rir de nós mesmos, mostra que as escolhas que nos restam talvez não sejam suficientes, e assim como, sei lá, um Pirandello, que quase nos faz rasgar de tanta gargalhada, Alexandre França não é uma piada, embora colocar uma maçã em cena falando “você quer me comer, você quer me comer!” seja nos restituir o pecado original, de um tempo em que as maçãs, pobres maçãs, nos proibiam o Paraíso. Agora a gente come dinheiro e o Paraíso sempre está um passo em nossa frente, mas nunca o alcançaremos.

Luiz Felipe Leprevost

Ficha técnica
Texto e Direção: Alexandre França
Com Claudete Pereira Jorge e Helena Portela
Trilha: Carlito Birolli e Cauê Menandro - participação especial de Odacir Mazzarolo




domingo, 8 de junho de 2008

Fotos da peça "Um Idiota de Presente" (fotos de Marcos Pratt)


Maria - você é capaz de matar, basta um empurrãozinho


Sônia - O horóscopo me disse hoje que "a beleza dos enigmas desvendados é o que atrai para estudos profundos, muitas vezes de temas complexos"


Maria - Olhem para esta figura fraca, patética e impotente. Sem dúvida isto é fruto de anos de história voltada para a inserção da compaixão na cabeça do ser humano (...)

Lembrando que a peça "Um Idiota de Presente" volta em agosto de 2008 no Mini Auditório do Teatro Guaira.

sábado, 7 de junho de 2008

"Um Idiota de Presente" volta também em agosto de 2008


Verônica Rodrigues (Maria) e Helena Portela (Sônia) - Foto: Marcos Pratt

Sônia – então, hoje de tarde aconteceu uma coisa engraçada

Maria – sim?

Sônia– chegou uma mulher...uma destas mendigas querendo me vender umas canetas. E ela ficava repetindo: “amiga, compra uma caneta...é duas por cincão”. Mas assim, ela não parava, ficou uns dez minutos nesta: “amiga, compra uma caneta...é duas por cincão”. E eu repetindo “não, hoje não, muito obrigada”...enfim sabe o que ela me disse depois do meu último “não, hoje não”?

Maria – o que?

Sônia – “não sou mais sua amiga”.

Maria (risos contidos) que piada...(pausa) e o João?

Sônia – tá bem...

Maria – o que ele falou sobre o filho que você está esperando?

Sônia(meio constrangida) Nada

Maria (indignada) como assim nada?!

Sônia – nada, ué...ele preferiu não tocar no assunto...(pausa) depois fomos para aquele motel do centro e...e está tudo bem

Maria(irônica) não me diga que você pagou?!

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este é um trecho da peça "Um Idiota de Presente" que conta a história de duas irmãs: Maria e Sônia que, apesar das divergências, moram juntas no centro da cidade. A primeira locomove-se por opção em uma cadeira de rodas e carrega uma vasta bagagem literária. A segunda, por sua vez, não tem tempo para ler - no máximo interpreta o horóscopo do dia - e dedica a vida para cuidar do apartamento e da irmã, além de tentar reconstruir um relacionamento falido com o ex-namorado que a abandonou grávida. "Um Idiota de Presente" volta junto com a peça "Final do Mês" em agosto.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Peça "Final do Mês" volta em agosto.

A peça "Final do Mês" que esteve em cartaz no Hotel Del Rey com Claudete Pereira Jorge e Helena Portela reestréia dia 14 de agosto no Mini Auditório do Teatro Guaíra. Confira a matéria que a Gazeta do Povo fez sobre a peça. Lembrando que a personagem da mãe não é uma psicóloga.


Divulgação / Claudete Pereira Jorge e Helena Portela: parentes também na vida real
Claudete Pereira Jorge e Helena Portela: parentes também na vida real

Teatro

Dívidas entre mãe e filha

Espetáculo Final do Mês, escrito e dirigido pelo curitibano Alexandre França, cumpre último fim de semana em cartaz no Hotel del Rey

Publicado em 30/05/2008 | Luciana Romagnolli

A mãe é uma psicóloga de classe média. Criou a filha de acordo com as diretrizes de sua profissão, com bastante liberdade de escolha. A garota, porém, agora se sente perdida. E a crise financeira com a qual as duas se deparam não ajuda em nada essa relação: A dívida no banco já ultrapassa R$ 6 mil e parece impossível conter os gastos da mais nova.

A trama de Final do Mês – espetáculo em cartaz no Hotel Del Rey apenas até este domingo – repete ligações familiares da vida real: a atriz Claudete Pereira Jorge, dona de uma sólida carreira no teatro curitibano, interpreta a mãe da personagem de Helena Portela, atriz que é sua filha também na realidade.

“Somos mãe e filha completamente diferentes das da peça. A gente está experimentando uma nova forma de relação que não me agrada absolutamente, mas é muito interessante”, comenta Claudete. Ainda que diferentes, porém, a relação real contribui para a ficcional com uma “química” maior e “semelhanças de gestos” que intensificam o texto, na opinião da mãe.

A peça inédita foi escrita pelo jovem dramaturgo curitibano Alexandre França, que também dirige o espetáculo, “quase por encomenda”. “O França, nas discussões com a mãe dele, começou a escrever frases soltas e dizia que um dia colocaria isso no teatro. Quando eu pedi um texto para mim e a Helena, ele partiu dessa primeira idéia”, conta Claudete, entre elogios: “ele escreve muito bem”.

Mínimo

A montagem estreou na sala de convenções do Hotel Del Rey, com o mínimo de elementos cênicos (um cenário reduzido a duas cadeiras e uma mesa) e o foco nas atuações e no texto. Foi um teste para ver como a montagem funcionaria “nua e crua”. O resultado agradou Claudete, mas ela não descarta mudanças futuras. Final do Mês deve voltar ao cartaz no Mini-Guaíra em agosto, com a possibilidade de alterações na luz, cenário e figurino.